terça-feira, 11 de novembro de 2008

Vergonha é pra quem tem

Quem tem mais ou menos 40 anos, e logicamente era criança no início dos anos 80, lembra-se muito bem do programa do Jô Soares, intitulado "Viva o gordo", ou ainda, "Planeta dos homens", entre muitos outros bons programas humorísticos antigos. Em um desses programas que agora me foge à mente qual realmente seja, o próprio Jô interpretava um personagem que morria de vergonha de certas ocasiões da vida cotidiana dele e levava as duas mãos ao rosto dizendo: - " Minha cara ó! Minha cara ó!" - ou seja, ele ficava envergonhado de alguma situação vexatória em que havia se metido e dizia que a cara dele havia caído no chão. Pois bem, feita essa pequena explanação agora posso dissertar sobre o título em epígrafe. Há algum tempo, conheci na web, um rapaz que nasceu na Ucrânia, uma das ex repúblicas da extinta União Soviética. Ele vive no Canadá desde 1982 onde chegou até a conseguir a cidadania canadense. Trocamos muitas idéias via msn e falávamos sobre os diversos problemas tanto do Canadá quanto do Brasil. Recentemente, ele deixou o Canadá e mudou-se para cá com a família, porque como esse país tem um crescimento demográfico negativo (possui uma população um pouco maior que 30 milhões de habitantes para um território maior que o do Brasil), segundo ele, toda vez que alguém está passeando com uma criança por lá, os habitantes ficam observando quase que atônitos - já que como disse, o crescimento do país é negativo, sendo assim, não é comum haverem crianças. O governo canadense chegou até a querer tirar um de seus filhos, talvez por ele não ser cidadão canadense nato. Segundo ele, numa certa ocasião, ele chamou a polícia para fazer uma ocorrência em sua chácara que havia sido assaltada, mas o policial deixou o caso de lado e começou a interrogá-lo pelo fato de ele estar sozinho em casa com sua filha. Analisando os prós e os contras de viver lá e aqui, ele acabou optando em vender tudo e vir com a família para o Brasil. Não faz ainda um ano que ele está por aqui e já pensa em retornar ao Canadá, pois segundo ele, sente falta da honestidade do povo de lá. No momento, ele está vivendo no Nordeste no Estado de Alagoas - para ser mais preciso. A questão é a seguinte: por quanto tempo ainda teremos que passar a imagem de povo desonesto e que se preocupa só com futebol e carnaval? Quando eu era criança, tínhamos na escola, aulas de OSPB (Organização Social e Política Brasileira). Nessas aulas, a gente aprendia coisas simples e básicas, como ceder o lugar no ônibus para uma pessoa mais velha, ou ainda, gentilmente abrir a porta para uma outra pessoa passar, etc. Dizer obrigado. Dar bom dia. Tudo isso parece muito simples, mas uma casa não se constroí pelo teto e sim pelo alicerce. Uma sociedade justa, honesta e desenvolvida, também se faz - e só se faz - através da educação. A educação no caso, é a base de tudo. Como contra fatos não há argumentos, até lá, eu pelo menos, vou parafrasear o brilhante Jô Soares e dizer: "Minha cara, ó! Minha cara, ó!"
Roberto Nazareth.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa educação que começa em casa, é uma verdadeira lástima.

Desde os pais que não ensinam o filho, noções básicas de cidadania, como por exemplo não jogar lixo na rua, até a escola que não tem professores bem pagos, infra-estrutura decente, merenda escolar precária e por aí vai.

Falta muito para que nossos alicerces estejam firmes.
Parabéns pelo artigo.

Abraços